ESSES GLORIOSOS DOS ANOS 70
O próprio Maradona reconheceu que no início de sua carreira jogou seus melhores jogos. De Cebollita a campeão com o Boca, ele já havia vencido uma Copa do Mundo juvenil.
Eles aceitaram e passaram a fazer parte desse grupo de meninos, quase todos nascidos em 1960, que logo transcenderiam o modesto mundo do futebol infantil com o nome "Cebollitas", já que não poderiam representar o clube até os 14 anos. Diego era o menor, às vezes jogava aos dez ou onze anos contra meninos de doze ou treze e sua qualidade o distinguia acima de seu tamanho.
O Cebollitas disputou o Torneio Evita em 1973 e foi a figura ao eliminar a Banda Roja, equipe que representava o River Plate, embora alguns meninos de Santiago os tenham deixado de fora nos pênaltis. No ano seguinte eles conquistaram o título e, desde 1974, com Diego entrincheirado e admirado por seu joguinho único e irrepetível nas metades das partidas da primeira classe, eles ficaram com o torneio da nona divisão. Aquele toque excepcional que durou doze ou treze minutos no intervalo entre os jogos cativou o público que acompanhava o Bug e os fãs das pinturas que visitavam o antigo pátio de madeira de La Paternal.
Na quarta-feira, 20 de outubro de 1976, foi convocado pelo técnico Juan Carlos Montes para ir ao banco de reservas, na partida que o Argentinos enfrentaria o Talleres de Córdoba, em La Paternal, pela zona D do Torneio Nacional. No intervalo e com uma derrota por 0-1, Montes avisou que entraria no lugar do meio-campista Rubén Giacobetti.
Os cordobenses venceram por mínimas e a apresentação oficial de Diego, dez dias antes de seus 16 anos, já estava feita. Embora hoje haja quase um milhão de pessoas que afirmam ter estado em La Paternal naquela tarde de trabalho de outubro de 1976, a verdade é dada pelos ingressos vendidos: 7.737 populares e algumas centenas de barracas atestam que havia cerca de doze mil pessoas no estádio que Anos depois, se converteu em um bonito tribunal de concreto, leva seu nome.
Nesse antigo Nacional de 76, Diego disputou onze partidas e marcou dois gols contra o goleiro Lucangioli, do San Lorenzo Mar del Plata, na vitória por 5x2. Em seguida, outro 114 viria com a camisa vermelha e branca. O torneio profissional mais longo foi o Metro de 1977 e lá Diego disputou 37 partidas e ganhou treze gols, com o detalhe de que sete dias após o início do torneio Maradona seria incluído na Seleção Argentina: entrou faltando menos de dez minutos Darío Felman, na Bombonera, no meio da festa que causou o 5-1 da seleção nacional contra os rudimentares húngaros.
Nos nove campeonatos em que defendeu a camisa do Argentinos Juniors, Maradona disputou 166 jogos e marcou 115 gols. Se os analisarmos um a um, verificamos que ele marcou 68 no ataque ou no contra-ataque, marcou sete caras, 20 cobranças de falta e 20 pênaltis. Seu primeiro pênalti convertido seria para Nery Pumpido, que estava salvando no Union. Quase uma década depois, ambos seriam campeões mundiais no México 86.
Algo que se destaca (se necessário) é que com o Argentinos Juniors foi cinco vezes artilheiro do campeonato: o Metro de 1978 (22 gols), o Metro 79 (quatorze gols em quatorze jogos), o Nacional 79 (doze em doze ), Metro 80 (25 em 32) e Nacional 80 (treze em 18 jogos).
O detalhe que aumenta sua eficácia é que o Bug mal conseguiu o vice-campeão em 1980, quando acompanhou River no Metropolitan daquele ano. Claro, ele venceu o Millionaire por 2 a 0 como visitante, com dois gols de Diego, que na mesma temporada teve o luxo de marcar quatro gols contra o Boca na quadra do Velez. Foi um 5-3 lembrado, dias depois de Hugo Gatti, goleiro xeneize, provocá-lo dizendo que ele era “um gordinho”. Ele também marcou outros quatro gols pelo Boca, jogando jogos diferentes na Bombonera pelo El Bicho.
Enquanto quebrou no Argentinos Juniors - há muitos que dizem que foi sua melhor atuação em torneios por equipes, algo que Diego também afirmou várias vezes -, estreou na seleção principal, mas foi deixado de fora por César Menotti do elenco que jogaria a Copa do Mundo de 1978, algo que ele nunca aceitou, mas que finalmente entendeu. O DT o protegeu pela idade (17 anos) e pelas pressões que poderia receber, além da enorme qualidade de quem ocupava seu lugar, como Norberto Alonso, José Daniel Valencia ou Ricardo Julio Villa.
DE FIORITO AO JAPÃO
Ele liderou a seleção juvenil de 1979 que deu à Argentina o primeiro título mundial, quando varreu o Japão e fez milhões de argentinos acordarem cedo para assistir ao jogo via satélite na TV. Já integrado de forma permanente na seleção principal, brilhou na digressão europeia, sobretudo frente à Escócia, e no ano seguinte à Inglaterra e Áustria.
Para 1981, o Boca Juniors o contratou, em uma operação próxima a dez milhões de dólares, embora o dinheiro nunca tenha sido totalmente pago e, ao mesmo tempo, tenha causado um enorme desastre na economia xeneize. Juntou uma grande dupla com Miguel Ángel Brindisi e o Boca conseguiu festejar o Campeonato Metropolitano com uma ligeira vantagem sobre o surpreendente Ferro de Carlos Timóteo Griguol. A vitória por 1 a 0 com gol de Hugo Perotti a poucas datas do final definiu o torneio.
Já havia arquivado em sua memória a torcida pelo Independiente e a admiração (que mantinha) por seu grande ídolo, Ricardo Bochini. Em 2 de dezembro de 1981, fez sua última partida daquela primeira rodada no clube, na vitória por 2 a 1 sobre o Vélez pelo Nacional. Dessa vez, eles o expulsaram junto com Abel Moralejo e ele não poderia jogar a vingança, que foi concedida ao Fortín por 3-1, eliminando o Boca. No total, foram 28 gols (17 no torneio que ganharam) para Xeneize em 40 partidas oficiais.
A primeira parte da história local durou cinco anos e meio, com um recorde de 206 jogos e 144 gols. Um vice-campeão com o Argentinos e um título com o Boca. A memória possibilita para aqueles gols gritados com a torcida do La Paternal, o show contra o River em La Bombonera (o 3-0 da Páscoa com Fillol e Tarantini espalhados pelo chão), os gols contra o Independiente (em ambos os campos) e os mágicos aparências que deixaram a multidão sem palavras.
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