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Mendoza vira o 'Vale do Silício' da Argentina

Com uma proporção de três universitários formados para cada 10 habitantes, graças a suas oito universidades, públicas e particulares, Mendoza surgiu como fonte de recursos humanos qualificados que são o verdadeiro motor da indústria do conhecimento.

Mendoza é uma província de pioneiros que a transformaram, por exemplo, na quinta maior exportadora de vinhos de alta gama do mundo.

A essa legião de pioneiros somaram-se outros, como Luis Robbio, fundador da Belatrix, que projetou dispositivos móveis para o Bank of America. Robbio conta que um cliente do Vale do Silício perguntou se, com engenheiros argentinos, ele seria capaz de replicar um equipamento de desenvolvimento que havia criado. O resultado? Criaram o caixa eletrônico que funciona sem cartões, simplesmente com um código QR.

O código "QR". (Foto: Juan Jose Traverso).
O código "QR". (Foto: Juan Jose Traverso).
Com esses antecedentes, Rodolfo Finochietti, um dos líderes da Lagash, especialista em sistemas para o varejo, bancos, empresas de medicina e do setor público, entre outras grandes organizações, não teve dificuldades para abrir um escritório no Parque Tic, um conglomerado de edifícios públicos que abriga essas empresas.

A Globant fez a mesma coisa. Néstor Nocetti, co-criador da Globant, um dos unicórnios, não apenas se estabeleceu em Mendoza, mas também somou a Belatrix para impulsionar sua empresa.

Na província também se destaca o hub audiovisual, com Marcelo Ortega como um dos expoentes. Ortega é presidente da Filmandes, uma verdadeira fábrica de filmes e conteúdos que são exportados para vários países.

Segundo Roberto Álvarez Roldán, presidente da Argencon, a associação que agrupa empresas de tecnologia, Mendoza marca um caminho. Ele sugere criar muitas empresas de médio porte, de cerca de 500 funcionários, que são "muito competitivas". Álvarez Roldán é um dos impulsionadores dos centros de exportação de serviços de tecnologia.

A economista argentina Beatriz Nofal chama a atenção para a falta de regulamentação da lei da economia do conhecimento, um projeto inspirado por ela mesma quando era parlamentar. E apontou contra os impostos sobre essas exportações. Segundo Nofal, em vez de arrecadar, incentivam o uso de outros instrumentos de pagamento e desencorajam o sistema.

No fórum Mendoza Tec, realizado na semana passada, o diretor da Accenture, Flavio Squillacioti, alertou sobre a forte concorrência por recursos humanos e recomendou impulsionar carreiras mais curtas com especializações posteriores em setores em que se aprenda trabalhando. E aconselhou estudar inglês.

Ao analisar as semelhanças entre Mendoza e sua terra natal, a Costa Rica, Alexander Mora, ex-ministro de Comércio Exterior do país caribenho, ressaltou a importância do ecossistema, que permite o trabalho em redes, que é um longo caminho que requer políticas de Estado.

As empresas de tecnologia se expandem na terra dos vinhos.
As empresas de tecnologia se expandem na terra dos vinhos.
Kirk Laughlin, da Nearshore, especialista em big data, descreveu o ambicioso plano dos EUA, que busca crescer em breve para um milhão de empregos no setor. A mira foi colocada nesta região. "Há fadiga com a Índia e a mira está no México, no Brasil e na Argentina. Fiquem mais visíveis”, recomendou em Mendoza.

O governador de Mendoza, Alfredo Cornejo, pretende fazer com que sejam criadas muitas empresas de tecnologia e gerar 10.000 empregos de qualidade que se somarão aos 13.500 atuais. Ele visa elevar essas exportações de alto valor para US$ 350 milhões. No país, a indústria do conhecimento exporta cerca de US$ 6,7 bilhões, o triplo do valor dos embarques de carne.

Mendoza conta com um generoso crédito do BID e contratou Carlos Palotti, um dos grandes líderes deste segmento, para transformá-la na nova Califórnia. O secretário de Economia, Martín Kerchner, contabiliza 300 empresas na fronteira tecnológica da província.

A intenção é que elas sejam um farol na inovação global e, a julgar pelo que já vem sendo realizado, a aposta não parece uma ousadia.

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